Hiking pela Rota do Castro do Zambujal - PR4 TVD

Conhecendo um pouco da história da mineração em Portugal.

  • Nome Oficial: PR4 TVD – Rota do Castro Zambujal
  • Extensão: 16 km
  • Duração: 3 horas
  • Desníveis Acumulados: 430 m
  • Altitude: Máxima: 185 m » Mínima: 27 m
  • Dificuldade: Fácil

Em Portugal as Pequenas Rotas dominam o interior do país. São centenas de quilômetros de muitas histórias e belas paisagens.

Estávamos morando em Lisboa e procurando novos trajetos para um dia de hiking. Foi quando encontramos informações a respeito da Rota do Castro do Zambujal, um percurso circular no município de Torres Vedras – a 50 km ao norte de Lisboa.

Hiking pela PR4 TVD – Rota do Castro do Zambujal

Saímos cedo de Lisboa e em cerca de uma hora de trem já estávamos em Torres Vedras, onde começa a termina o trajeto da PR4.

Saindo da estação de trens (comboios em bom português), fomos procurar o Parque Verde da Várzea, uma ampla área verde praticamente no centro da cidade, onde começa e termina essa trilha. Mas, antes disso, passamos pelo Mercado Municipal para comprar um lanchinho e, claro, visitamos o Castelo de Torres Vedras, que não se encontra dentro do percurso da PR4, mas pode ser incluído e certamente vale muito a visita!

Um pouco de História…

O Castelo de Torres Vedras tem citações históricas desde 1147, época da Reconquista Cristã da Península Ibérica. Do alto da colina emoldurada pelo rio Sizandro, suas fortificações e muralhas já aguentaram várias guerras, conquistas e retomadas. Traços romanos e muçulmanos ainda são encontrados, mesmo que a arquitetura do castelo já tenha sido alterada diversas vezes. Em 1846, foi palco da Batalha de Torres Vedras e no mesmo ano o paiol do seu interior explodiu, fazendo com que a estrutura praticamente desaparecesse. Suas ruínas então foram aos poucos sendo restauradas e hoje são tombadas como Patrimônio Cultural de Portugal.

Para chegar ao Castelo basta percorrer as ruelas estreitas da cidade e subir ao alto da colina. Ao longe já se enxerga a sua torre de menage, uma parte da muralha e uma singela capela, a Igreja de Santa Maria do Castelo, localizada ao lado do castelo.

O castelo é aberto à visitação (gratuita) e há um percurso com placas contando mais da história do local e de cada ambiente dentro das muralhas. Da parte interna realmente não resta quase nada, mas era um dia ensolarado de primavera, as flores estavam no auge e passear próximo à muralha com oliveiras florindo foi muito agradável!

Finalizada nossa visita ao castelo, fomos até ao Parque Verde da Várzea, para enfim iniciarmos nossa Rota do Castro do Zambujal.

A PR4 – Torres Vedras – Rota do Castro do Zambujal tem 16 km de extensão e uma derivação – a Pequena Rota PR4.1 – com 11,75 km, que separa-se da principal após o sítio histórico do Castro do Zambujal. A PR4.1 não passa por Varatojo, onde há um belo Convento. Optamos por realizar a rota completa (PR4).

Saímos do Parque Verde da Várzea em direção ao distrito de Barro, por um caminho lindo entre vinhedos e campos. Depois de 1,5 km chega-se a uma capelinha (com boa vista de Torres Vedras do alto) e, em seguida, avista-se o Sanatório do Barro, que foi fundado em 1570, e hoje abriga o Hospital Dr. José Maria Antunes Júnior.

Passando em frente ao hospital, do outro lado logo se avista uma colina com videiras e lá no alto a imagem de Nossa Senhora da Pena. Nesse ponto a vista de Torres Vedras é muito bonita e nesse mirador está o Tholos, um monumento funerário do terceiro milênio antes de Cristo.

O percurso segue até Serra da Vila, um vilarejo gracioso, e logo desce até Castro do Zambujal.

Um pouco de História…

Castro do Zambujal era um povoado fortificado da Idade do Cobre (de 2500 a 1800 a.C.) localizado em uma colina na margem direita da Ribeira de Pedrulhos, um afluente do Rio Sizandro que corta Torres Vedras. Acredita-se que ele foi o mais importante vilarejo e centro de fundição e comércio de minério da zona central de Portugal. Contava com quatro muralhas e algumas torres, além da área residencial e de armazenamento, que foi ocupada ao longo de, pelo menos, 800 anos. Pelas edificações, supõem-se que existia um certo grau de estratificação social, onde o recinto central – com cerca de 50 metros – era reforçado e destinado aos habitantes de estatuto superior e para armazenar produtos da metalúrgica e comerciais. E a maioria da população se dedicava à agricultura e a criação de gado e morava nos terrenos circundantes fora da fortaleza principal.

O sítio arqueológico foi descoberto em 1932 e escavado ao longo da década de 60 e inícios de 70. A partir de 1996, houve uma parceria entre o Instituto Arqueológico Alemão, o Instituto Português de Arqueologia e apoio da Câmara Municipal de Torres Vedras para preservar o local. Em 1946, Castro do Zambujal foi enquadrado como Monumento Nacional Português. Hoje, está meio abandonado, mas é um ponto alto com ótima vista da região, de onde se vê a foz do rio Sizandro, o mar e todo o vale da ribeira. Na foto aérea abaixo (retirada do site TorresVedrasWeb.pt) dá para ter ideia de como era o povoado e, logo abaixo, nossas fotos do sítio quando o visitamos.

Caminhando novamente pela trilha, cerca de 900 metros, há a bifurcação para a PR4.1. Seguimos pela principal até a vila de Varatojo, onde está o Convento dos Franciscanos, fundado em 1470 por D. Afonso V. Vale dar uma espiadinha. 😉

A vila também é muito charmosa e após passar por suas ruelas, chega-se novamente a trilha de terra batida que passa debaixo de moinhos eólicos.

Quase finalizando a trilha, é só seguir a marcação que levará novamente ao Parque Verde da Várzea, mas antes uma vista linda do Castelo de Torres Vedras, da Igreja de Santa Maria do Castelo e da cidade.

A PR4 Torres Vedras – Rota do Castro do Zambujal é uma trilha bastante fácil, sem grande desnível, nem obstáculos. Percorremos o trajeto em cerca de 5 horas, com paradas para conhecer mais a cidade e uma longa pausa para almoço próximo às ruínas históricas. Um hiking agradável de um dia por Torres Vedras!

Como chegar a Torres Vedras

Veja como chegar ao ponto de início da trilha de trem, ônibus ou carro.

De Trem

  • Comboio da linha Coimbra/Figueira da Foz – Lisboa. Para na Estação Torres Vedras, que fica a algumas quadras do Parque Verde da Várzea, início da trilha. Veja aqui os horários.

De Ônibus

De Carro

  • De Lisboa a Torres Vedras: pela A8 em direção a Leiria até à saída 7 – Torres Vedras Sul. Em alternativa vá pela N8 por Venda do Pinheiro e Turcifal até Torres Vedras.
  • De Porto a Torres Vedras: pela A1 sair em direção a Aveiro, convergir com a A25, continuar na A17 na direção de Leiria. Tomar a A8 até à saída 8 – Torres Vedras Norte. Como opção pode pegar a N1 por Leiria até Rio Maior. De Rio Maior seguir pela IC2 para Alcoentre e a N115 até Torres Vedras.

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